segunda-feira, 29 de junho de 2009

Aniversário da Ponte Velha

(Discurso proferido na Sessão Legislativa da Câmara Municipal de Cataguqases, de 23.06.2009.)


Excelentíssimo senhor presidente, caros companheiros de câmara, senhores e senhoras presentes:

A nossa ponte metálica, a tão conhecida “Ponte Velha”, foi entregue à população em 1915 e o engenheiro responsável foi Raul Carneiro, a pedido do deputado federal Astolfo Dutra Nicácio ao então presidente da província de Minas, Júlio Bueno Brandão. Ela veio substituir uma antiga ponte de madeira e os trabalhos foram iniciados em 10 de junho de 1912, concluindo-se em 1914. Pois a nossa “Ponte Velha está fazendo 95 anos!
Quem entra na cidade pela Vila Minalda, é saudado no final da ponte com a inscrição em latim gravada em seu último suporte: pacificusne est ingressus tuus? , que significa “é pacífica a tua chegada?”. Na volta, para os que saem da cidade pela mesma Vila Minalda, outra saudação em latim no final da ponte: “revertere ad me suscipiam te”, que convida, “volta, que eu te receberei”.
A nossa “Ponte Velha” é assim descrita em um site da cidade: “A Ponte Metálica veio trazer notáveis benefícios ao desenvolvimento da cidade, dando também condições dela se expandir para seu lado direito. Trata-se de uma ponte artisticamente bem trabalhada, trazendo maravilhoso embelezamento à cidade. É um valioso patrimônio histórico”.
E ela não está só em sua originalidade e importância histórica: nossa querida “Ponte Velha” tem uma irmã gêmea na cidade de Rio Pardo, em São Paulo, conhecida por “Ponte de Euclides”, construída por ninguém menos que o escritor e engenheiro Euclides da Cunha. Essa ponte irmã completou 103 anos no dia 18 de maio. As informações nos foram passadas pela moradora de Rio Pardo, Maria Olívia Garcia Ribeiro Arruda, quando em visita a Cataguases. Confirmando a nossa vocação turística, a visitante fala sobre uma Cataguases, que infelizmente, não é a que enxergamos agora:

“Aliás, é preciso dizer que Cataguases é uma cidade encantadora, muito bem cuidada, com projetos arquitetônicos de Oscar Niemeyer, Aldary Toledo, Carlos Leão, Francisco Bolonha, Flávio de Aquino e Edgar do Valle, ancorados na declaração de Le Corbusier: "Somos infelizes por habitar casas indignas porque elas arruínam nossa saúde e nossa moral . (...) No entanto, a Arquitetura existe /Coisa admirável, a mais bela. / O produto de povos felizes e o que produz povos felizes. / As cidades felizes têm arquitetura." Além da beleza de concreto, os jardins das residências e as praças públicas são de criatividade ímpar.
E é a mesma Maria Olívia, a nossa visitante, que nos lembra as recomendações de Euclides da Cunha sobre os cuidados que se devem dispensar a uma ponte, como a conservação e a manutenção. Esta deve ser periódica, com reparações substanciais, realizadas de quatro em quatro anos. Nesse reparo são aplicadas as resinas protetoras, são reforçados os pontos desgastados, peças são substituídas, com muito cuidado, pois peças novas podem alterar-lhe a estrutura. Estamos procedendo assim com a nossa “Ponte Velha?”
E Maria Olívia ainda nos adverte: Gostaria de deixar aqui apenas um lembrete: o patrimônio histórico da cidade é da responsabilidade de todos. O patrimônio não é só o legado que é herdado, mas o legado que, através de uma seleção consciente, um grupo significativo da população deseja legar ao futuro. Quem não colabora com a preservação da memória coletiva, também não valoriza a própria identidade, nem respeita os valores da comunidade a que pertence!
Que a nossa ponte metálica, a tão familiar “Ponte Velha”, continue como um símbolo sobre o Rio Pomba, perguntando a todos, principalmente aos que periodicamente ocupam cargos públicos e que por isso têm obrigações maiores com a história de Cataguases: “é pacífica a sua chegada”?
Muito obrigado!