segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Brasília Revisitada - Emanuel Medeiros Vieira (Crônica)



BRASÍLIA REVISITADA
Fragmentada crônica “poética” para os que aqui nasceram e que
também para os que aqui vieram morar – amaram e honraram a
cidade.
Para dona Eliete, com saudade
Em memória de Ivan Moreira da Silva e de Ronaldo
Paixão Ribeiro
(EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

Tomo o Grande Circular,
W-3 Sul, W-3 Norte,
mangueiras em flor, primeiras chuvas,
a grama ficando verde, penso na “Sinfonia da Alvorada”,
nos pioneiros, no barro vermelho,
não, não a capital do estatuto, dos maquiáveis planaltinos,
mas a urbe de Clarice e do Lucas,
de Renato Russo lecionando na “Cultura Inglesa” aos 19
anos, indo a pé ao Cine Brasília, atravessando os verdes,
SQS, SQN,
não SOS– meu particular socorro nas noites do hospital
“Santa Lúcia – em que ‘quase’ desmoronei, e recebi a Unção
dos Enfermos, e me deram dois dias de vida – e estou aqui,
da Feira do Guará, onde Clarice dançava forró
ao som de Luiz Gonzaga, outros sábados,
o “Beirute”, o “Bar do Raul” e o finado “Bar do Afonso”,
o “Campo da Esperança”, onde deixarei os meus ossos, e
lá ficaram o Esmerino, a dona Eliete, o Navega, o
Fernando, o Márcio, o Albino, o Côrtes, o Elídio, o Ivan
e tantos outros.
Ah, cidade bandas de rock, e onde vi Glauber Rocha
no Festival de Brasília
e conversei carinhosamente com o
conterrâneo/cineasta Rogério Scanzerla, que foi interno no
Colégio Catarinense, e há poucos anos morreu de câncer.
Cidade de amores findos e tão belos
urbe de sonhos feitos/ desfeitos
da esperança e da solidão,
cidade de amigos eternos
das belas morenas aqui nascidas,
do SCS (agora “traduzo”- Setor Comercial Sul),
onde assisti ao comício pelas Diretas, Tancredo, Ulysses,
do belo campus da UnB,
das cidades-satélites, da riqueza concentrada,
do Plano Piloto (não “Pilatus”),
cidade deste meu andar,
desta escrita, deste sábado de setembro, céu de anil,
leio no parque, escrevo na máquina elétrica,
encantos cerrados, florzinhas descobertas aos
poucos, da louvação às primeiras chuvas,
do amolador de facas
(a cidade tem esquinas sim: é preciso decifrá-las.),
belos crepúsculos, o Parque da Cidade, a Água Mineral , a cidade real (não a da mídia) não vive nos palácios,
mas no rosto de muitos brasis,
ah, Clarice, Lucas, e Célia – baiana que aprendeu a amar
o Planalto Central.,
Um dia não estarei mais aqui (apenas estrume),
memória, e chegarão as chuvas de outubro – amando,
pois só me resta amar.
(Revistando Brasília, após a transferência para a Bahia.)

,

domingo, 15 de agosto de 2010

Um Poema - Murilo Mendes ( * )

Mapa

Me colaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado. Estou
limitado ao norte pelos sentidos, ao sul pelo medo,
a leste pelo Apóstolo São Paulo, a oeste pela minha educação.

Me vejo numa nebulosa, rodando, sou um fluido,
depois chego à consciência da terra, ando como os outros,
me pregam numa cruz, numa única vida.

Colégio. Indignado, me chamam pelo número, detesto a hierarquia.
Me puseram o rótulo de homem, vou rindo, vou andando, aos solavancos.
Danço. Rio e choro, estou aqui, estou ali, desarticulado,
gosto de todos, não gosto de ninguém, batalho com os espíritos do ar,
alguém da terra me faz sinais, não sei mais o que é o bem
nem o mal.

Minha cabeça voou acima da baía, estou suspenso, angustiado, no éter,
tonto de vidas, de cheiros, de movimentos, de pensamentos,
não acredito em nenhuma técnica.

Estou com os meus antepassados, me balanço em arenas espanholas,
é por isso que saio às vezes pra rua combatendo personagens imaginários,
depois estou com os meus tios doidos, às gargalhadas,
na fazenda do interior, olhando os girassóis do jardim.

Estou no outro lado do mundo, daqui a cem anos, levantando populações…
Me desespero porque não posso estar presente a todos os atos da vida.
Onde esconder minha cara? O mundo samba na minha cabeça.
Triângulos, estrelas, noites, mulheres andando,
presságios brotando no ar, diversos pesos e movimentos me chamam a atenção,
o mundo vai mudar a cara,
a morte revelará o sentido verdadeiro das coisas.

Andarei no ar.

Estarei em todos os nascimentos e em todas as agonias,
me aninharei nos recantos do corpo da noiva,
na cabeça dos artistas doentes, dos revolucionários.

Tudo transparecerá:
vulcões de ódio, explosões de amor, outras caras aparecerão na terra,
o vento que vem da eternidade suspenderá os passos,
dançarei na luz dos relâmpagos, beijarei sete mulheres,
vibrarei nos cangerês do mar, abraçarei as almas no ar,
me insinuarei nos quatro cantos do mundo.
Almas desesperadas eu vos amo. Almas insatisfeitas, ardentes.

Detesto os que se tapeiam,
os que brincam de cabra-cega com a vida, os homens “práticos”…
Viva São Francisco e vários suicidas e amantes suicidas,
os soldados que perderam a batalha, as mães bem mães,
as fêmeas bem fêmeas, os doidos bem doidos.
Vivam os transfigurados, ou porque eram perfeitos ou porque jejuavam muito…
viva eu, que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente.

Sou a presa do homem que fui há vinte anos passados,
dos amores raros que tive,
vida de planos ardentes, desertos vibrando sob os dedos do amor,
tudo é ritmo do cérebro do poeta. Não me inscrevo em nenhuma teoria,

estou no ar,
na alma dos criminosos, dos amantes desesperados,
no meu quarto modesto da praia de Botafogo,
no pensamento dos homens que movem o mundo,
nem triste nem alegre, chama com dois olhos andando,
sempre
em transformação.

( * ) - Poeta Modernista.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Assim como eu - Vanderlei Pequeno



Mas não é que a vida colocou os dois na ordem do dia da dona Gracinha! Eles que há muito não se encontravam, pois defendiam, naquele momento, partidos e posições políticas antagônicas. No interior é assim: Não está comigo, está contra mim. Na agenda da dona Gracinha, mais uma pendenga política na cidadezinha do café com cultura.

Um na pompa do gabinete do paço – Prefeito - no poder, despachando, ouvindo reclamações sobre a sujeira das ruas, entupimento da rede de esgoto, paralisação do professorado, enfim, resolvendo como podia o leque de problemas do município em tempos de estio de verbas para o setor público.

O outro na oposição, o Alípio, dando com o pau no primeiro que não conseguia fazer nada pela cidade a partir de sua administração: - O homem fica dormindo lá na prefeitura, esperando o fim do mês e do mandato pra ir pra casa, ironizava. Nas folgas, quando não encontrava viva alma pra ouvir seus desanques, trocava e vendia relógios usados e de qualidade discutível no banco redondo da praça principal da cidade.

Já a Gracinha, a porteira do gabinete e que participa da patética cena final desta crônica, aparece aqui para dar seguimento a nossa história real e engraçada. Penso que as palavras do alcaide que ainda hão de vir expressam a tranqüilidade de quem bem viveu seus mais de sessenta anos, boa parte deles no poder, e sabe que as coisas são mesmo assim. Alguém que do alto de sua maturidade já havia descoberto que a vida é o “devir” e queiramos ou não, temos que seguir em frente, porque somos o que somos num tempo histórico, num espaço geográfico definido e limitados por excelência; que a nossa perspectiva é sempre o amanhã, o depois, o futuro. Isso, é claro, até chegarmos até o outro lado da ponte da vida, nos confins da eternidade pra onde a alma partirá, livre de todos os sentidos e dos problemas públicos. Enquanto isso, o mundo gira.

Mas volto à Dona Gracinha e agora sem ilações: companheira antiga de política do prefeito, estava naqueles dias preocupada com as eleições que se aproximavam e, naturalmente, com a reeleição do velho. Nisso, escutava as conversas da boca miúda e – pombo correio - levava para o gabinete. Sentia-se na obrigação de contribuir, de manter a hegemonia política do grupo a que pertencia. Do resultado do pleito eleitoral dependia também a manutenção de seu emprego por mais quatro anos. Ao mesmo tempo, não conseguia disfarçar a sua paixão cega, “patológica”, pelo prefeito. Sentia-se pessoalmente atingida pelas críticas – injustas - do Alípio. Somatizava, sofria, indignava-se com as calúnias. Vivia naquele ambiente do Paço embalada pelas lembranças da boa governança do mandato anterior, em tempos de fartura, obras e progresso para o município. Bem diferente do mandato em curso.

Foi ela mesma, a Gracinha, que entrou desesperada no gabinete, em prantos:

- Prefeito, não podemos aceitar uma coisa dessas. Tem que tomar uma providência, processa o Alípio! Ele tá lá na praça falando mal do senhor e de sua administração! Tem muita gente em volta, ouvindo. É muita mentira, prefeito!

Ao sentir a falta de reação do chefe, sugeriu:
- Pelo menos, manda o Manequinho da Serviços Urbanos pra defender a gente!

Manequinho entra na história. Servidor público da varrição, imbatível na língua, pegava sua vassoura e ia fazer ponto onde houvesse maior burburinho político com possíveis intrigas da oposição. A missão: cuidar da defesa do Paço. Ficava encarregado de fechar a boca do saco de maldade dos “perdedores”, desarticulando, mudando a prosa na boca pequena da cidade. Pra fazer isso, entrava na conversa dos outros, esquecendo-se dos seus deveres de funcionário público. Em vez de varrer a praça, varria a conversa fiada, as patranhas dos inimigos políticos. Ficava por ali, pronto pra atuar defendendo o governo municipal.

O prefeito, aparentando distanciamento, sem deixar transparecer preocupação com o que angustiava a sua funcionária, puxa um cigarrinho do maço, acende, calcula, mede o tempo que resta do mandato – três meses – e examina a situação. Resolve não “acionar” o Manequinho que por isso já sai da história. Pede um cafezinho, recosta-se na cadeira, observa admirado o desespero de Dona Gracinha e reflete: esta continua fiel escudeira, dama de retaguarda, isso depois de memoráveis disputas eleitorais... é pura humildade! Depois volta o pensamento para o ex-companheiro, o falador Alípio, pelo qual ainda mantém amizade: - Contribuiu em tempos pretéritos... um desocupado, diz pra si mesmo, entre comiserado e carinhoso. Pra tranqüilizar a amiga, deglute o cafe e aconselha com humor e serenidade:

- Deixa o Alípio pra lá, porque ele é vigarista que nem eu mesmo!

sábado, 17 de julho de 2010

Um poema - Idalina de Carvalho


SUSSURROS
Querer-me coesa, conexa, é
desconsiderar o mistério do meu feminino,
a poesia que habita em mim.

Sou caos, da lua a oculta face
derramando olhar caricioso
sobre ti.

Corpo, coração, o que carrega
essa fluidez, essa magia,
essa luz que atravessa o silêncio
que eu sou?

Incógnita presença
contraditória, transcendente
e inexplicável presença
a arrancar-te sussurros
Quer conhecer outros textos de Idalina Carvalho: entre no blog http://www.idalinacarvalho.blogspot.com/

terça-feira, 15 de junho de 2010

Um Poema - Fernando Abritta







Canto zero

No meio do vale
uma árvore


beirando a estrada
cercada
de capim
braquiária invasora
a árvore
resiste

umárvore
sentinela plantada
cavalgando ventos
barrando águas
tempestades
florindo
frutificando
semeando

No meio do vale
umárvore
guerreira avançada

ao fundo
nas grotas
nas dobras dos morros
muitas outras
apertadas
disputando sol e solo
contidas
por
arame farpado foices e fogo
esperam
olhando o vale
os bois
a erva invasora
cobiçando


Umárvore
parada plantada
enraizada
insiste na florada
cada fruto uma arma
sementes soldados
: largar raízes
teimando tentando dementes insistentes


No meio do vale
umárvore
r existe.

Poema tema do livro umÁrvore a ser lançado pela Lei Murilo Mendes – lei de incentivo a cultura do município de Juiz de Fora, em setembro de 2010.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um Poema - Emanuel Medeiros ( * )


HIROSHIMA



Na manhã dominical,
a bomba de Hiroshima,
a bomba,
tão clara,
exata,
cirúrgica.

Bomba geométrica,
certeira.

A bomba vem do céu,
mas não é ave.

A bomba vem de cima,
mas não é Deus.

Desce fumegante,
a bomba não negocia,
a bomba não conversa,
célere, impositiva,
acerta o alvo, cai,
a bomba queima, a bomba dissolve,
a bomba dilacera.

Alguém nasce no ano em que ela cai,
e pensa naquele 1945:
a surpresa daqueles milhares de olhos,
à espera do lúdico no matinal domingo,
parques, igrejas, passeios, visitas familiares,
percebendo – sem tempo para a reflexão –
a chegada da não-ave,
emissária de Tanatos,
que cai, cai,
na paisagem limpa (cogumelos atômicos).

(* ) Poeta Catarinense morando, atualmente, na Bahia. Autor de vários livros, entre eles "Olhos Azuis - Ao sul do Efêmero". Contato metonia55@hotmail.com

terça-feira, 1 de junho de 2010

Um poema - Emerson Teixeira Cardoso


Estância nº 1

Bastou a indecisão de uma vírgula
para que se perdesse o elo entre as palavras,
e aí, por séculos e séculos,
só se ouviu o tique-taque nervoso de meu relógio.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um poema - Zeca Junqueira


make love, bicho


Não quero o poema
quero a vida como ela era
quero de volta as manhãs e as noites
e a primavera.

Não quero saber dos best-sellers
com suas verdades ignoradas pelas estrelas
- e pelas minhocas.

Não quero os filósofos
não aceito trocar o sabor do doce
pela sua receita
barganho os circunspectos explicadores

- todos eles!

Pelos lunáticos, pelas benzedeiras
e pelos que não sabem das letras
mas sabem do vento e da chuva boa

– e das boas-novas.

Não quero a chuva ácida
não prevista pelos lunáticos.

Não quero cinema enlatado em dvd
arranjem-me ingresso para as matinês de domingo
com todos os vilões restritos à tela

O mundo é fraterno!

Após o the end, rumar para casa comendo pipoca
com picolé de côco comprado na carrocinha
sujando luxuosamente a camisa.

Quero ir à missa para tapear deus
com um caprichado sinal da cruz e
ficar azarando as moças
mas não quero a pornografia:

Sirvam-me a saliência de mestre zéfiro
quero a (re) descoberta, a transgressão e
o gosto das coisas proibidas.

Quero deletar o fotoshop e
ver de novo as mulheres
escandalosamente nuas.

Quero que o meu silêncio no banheiro
seja interrrompido pelas batidas de minha avó
na porta – que qui cê ta fazendo aí, moleque?!

- Quero o susto.

Quero ouvir os beatles em primeiro lugar nas
paradas de sucesso – os stones em segundo, vá lá. e

Make love, bicho, not war.

Na camisa branca quero as flores de “hair”
(por um mundo melhor)

Quero topar na rua com os bichos-grilo
com os Hare Krishna

Hare, hare, hare,

Quero desbundar em londres
Pirar em Woodstock
Pecar em altamont
Ver Gil em wight.

Oh!, my lord / my sweet lord...

Quero ouvir lp com chiado
Quero ver tv preto e branco
Quero que o google se foda
Que a internet se lasque

Que os celulares explodam
Que o consumismo se coma.

Onde há arte no mundo?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Um Poema - Ronaldo Cagiano

-
ÚLTIMO POEMA PARA ISABELA NARDONI

A morte chegou pelo elevador
e, num março enfumaçado,
com seus guantes de aço
e suas garras de bile
colheu-te na imensidão ferruginosa
das sombras.
Com o avassaladora condenação das Parcas
- apartada toda a misericórdia -
a deselegância furibunda de um Talião
irrompeu atônita
enquanto calçavas as meias de seda
de seus sonhos.

Feito Dâmocles,
a Inolvidável chegou intimorata
empunhando a espada assassina
que teceu a noite definitiva
sem defesa ou recursos.

Apareceu do nada
(ou foi ruminada no pântano escabroso de um monstro?)
e como um decreto inclemente de Cambises
sentenciou sua injustiça manifesta

Sem luva nas mãos
sem identidade
mas frenética e irredutível
seus olhos arregalados e frios de fera enjaulada
interditaram os anjos da menina
decepando a haste frágil
de um jardim
onde dormitavam bonecas e velocípedes.

Indesejada e inexorável,
cruzou o Letes
com a velocidade desumana e cangaceira
de um zéfiro

veio para ti
pelas mãos de uma imerecida paternidade
navegando no rio ácido de um sangue
que não é doce como o seu.

Ela não se escondeu de você
pequena flor arrancada a contragosto
do inefável canteiro de pérolas,
mas ao brotar de um jardim sinistro
e cavalgando o dorso do horror
fechou-te as pálpebras
numa enxurrada fúnebre
lançando-te no vale de ossos
no exílio da pátria de jazigos.

Testemunha do silêncio e da lonjura dos dias,
experimentas o compulsório breu
do invisível
que se debruçou tão cedo
sobre o seu calendário imberbe.

Habitante do etéreo,
pesa sobre teus olhos frágeis
o chumbo de uma noite imprevisível
e a bomba alucinada e insone
que impingiu-lhe as mãos criminosas
agora marcam na tela desértica e grave
de teu quarto - sem borboletas nem sorrisos -
a insone obra
da tragédia imperdoável.

domingo, 9 de maio de 2010

Um Poema - Francisco Marcelo Cabral


Assim simples
(O milagre acontece e, quando acontece, acredite,
a vida sabe como celebrar” - Maharaji *)

Quando a água do mar vem
Repleta de alimento e vida
a ostra simplesmente a recebe e aceita
e gratidão é o seu brilho de pedra molhada.

Quando cai a chuva
Fecundando os delicados pelos da umidade
A relva simplesmente a recebe e aceita
E gratidão é o seu verde sem manchas.

Quando o sol se levanta
Com sua coroa de luzes quentes,
As flores simplesmente o recebem e aceitam
E gratidão é sua variada beleza.

Quando essa respiração vem
Com sua renovada força de vida
Não perguntes nada
Simplesmente a recebe e aceita
E gratidão seja a música de tua alegria

• Mestre-guru indiano.